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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Apaixone-se



Ser apaixonado é uma virtude e ao mesmo tempo um defeito. É ridículo e ao mesmo tempo lindo.

Uma vez eu vi uma paixão e ela era linda e correspondida. Eram duas paixões. Eram intensas e bonitas de ver, daquelas que dão inveja. Uns dias, muito tempo depois, elas foram esmorecendo pelas coisas da vida, pelos costumes, pelas discussões e pela preguiça de apaixonar-se novamente.

Outra vez, vi outra paixão, mas dessa vez era apenas uma. Daquelas não correspondidas, tão linda que dava dó de não ser percebida. Mas de tanto tentar ser percebida, acabou mal entendida.

E um dia desses, observei mais outra. É que sou um admirador de paixões. Acho o máximo apaixonar-se e estar apaixonado, isso muda o humor, muda os planos, muda o dia, muda as pessoas. Essa era interessante, porque quando pensava em paixão logo me vinha aquela imagem de alguém desesperado, louco e transbordante desse sentimento.
Essa era quieta. Calada. Enrustida. Como alguém poderia deter isso dentro de si?! Como bom observador, descobri que a coitada tinha medo de sair, de florescer, de viver. Tinha medo de ser mal entendida, de sufocar o outro com sua euforia, de ser um chiclete, daqueles ruinzinhos que quando gruda não sai por nada. Que prejudicada! Mesmo parecendo fria, medrosa e duvidosa ela era tão apaixonada que dava para ver nos olhos. E adivinha? Não prevaleceu.

Numas andanças as encontrei, tão duras de cara e de coração. Uma tristeza só! E me contaram o que eu não sabia... que a paixão também cega, que engana e às vezes faz mal. Nos torna dependentes e ansiosos.

Mas isso não me fez desacreditar na paixão, nas coisas que vi e na beleza que há.  Mesmo que a paixão não dure ou não seja percebida, sempre há tempo de apaixonar-se novamente, de reinventar e ser feliz.

É lindo de ver e além de tudo, de sentir e transmitir. Mesmo que haja amor, a paixão tempera.


Apaixone-se!

Lucyléa Thomé


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Liberte-se!



Ela é o quê?
É mais uma do cardápio. À la carte. Al'vonte.
Mas o quê?
Não sei dizer. É só pra cumê.
Come calado, come quietin.
E não deixa ver que a moça apenas é pra o teu prazer.
E a pobre coitada, pensando ser o "Q", do teu Quase amor.
Mas não sei dizer, só sei que é pra cumê.
E come calado, come quietin.
Que é pra moça não perceber, que seve apenas pra o teu prazer.
Ela é o quê?
Ela é "P", pra outra coisa não dizer.
É pra dar, não vender.
E dar com prazer, pra o ego do moço satisfazer.
E na frente dos outros, vale dizer, "sou feliz em ter você".
Mas a verdade é, que é só pra cumê.
Tadinha de você, moça, que pensava ser o "Q"
Daquele covarde, que nem de Quase amor quis te querer.
Pra você ver.
Ela é o quê?

Não é mais.
Com o tempo dá pra perceber.
E a moça viu, que era só pra cumê.

LIBERTE-SE!

Lucyléa Thomé