Ser apaixonado é uma virtude e ao mesmo tempo um defeito. É
ridículo e ao mesmo tempo lindo.
Uma vez eu vi uma paixão e ela era linda e correspondida.
Eram duas paixões. Eram intensas e bonitas de ver, daquelas que dão inveja. Uns
dias, muito tempo depois, elas foram esmorecendo pelas coisas da vida, pelos
costumes, pelas discussões e pela preguiça de apaixonar-se novamente.
Outra vez, vi outra paixão, mas dessa vez era apenas uma.
Daquelas não correspondidas, tão linda que dava dó de não ser percebida. Mas de
tanto tentar ser percebida, acabou mal entendida.
E um dia desses, observei mais outra. É que sou um admirador
de paixões. Acho o máximo apaixonar-se e estar apaixonado, isso muda o humor,
muda os planos, muda o dia, muda as pessoas. Essa era interessante, porque
quando pensava em paixão logo me vinha aquela imagem de alguém desesperado,
louco e transbordante desse sentimento.
Essa era quieta. Calada. Enrustida. Como alguém poderia deter
isso dentro de si?! Como bom observador, descobri que a coitada tinha medo de
sair, de florescer, de viver. Tinha medo de ser mal entendida, de sufocar o
outro com sua euforia, de ser um chiclete, daqueles ruinzinhos que quando gruda
não sai por nada. Que prejudicada! Mesmo parecendo fria, medrosa e duvidosa ela
era tão apaixonada que dava para ver nos olhos. E adivinha? Não prevaleceu.
Numas andanças as encontrei, tão duras de cara e de coração.
Uma tristeza só! E me contaram o que eu não sabia... que a paixão também cega,
que engana e às vezes faz mal. Nos torna dependentes e ansiosos.
Mas isso não me fez desacreditar na paixão, nas coisas que vi e na
beleza que há. Mesmo que a paixão não
dure ou não seja percebida, sempre há tempo de apaixonar-se novamente, de
reinventar e ser feliz.
É lindo de ver e além de tudo, de sentir e transmitir. Mesmo que haja amor, a paixão tempera.
Apaixone-se!
Lucyléa Thomé
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